Aumentam casos de picadas de cobra em animais domésticos na região

Aumentam casos de picadas de cobra em animais domésticos na região
23/02/2017 Sumara Mesquita

Hospital Clinicão e Gato já atendeu cinco casos neste ano. Volume de chuvas pode ser causa da migração.

Só neste início de ano o Hospital Veterinário Clinicão e Gato de Jundiaí atendeu cinco cães vítimas de picada de cobra. O alto volume de chuvas pode ser a causa dos acidentes, fazendo com que as serpentes migrem em busca de um novo abrigo. “Nossa região tem muitas chácaras e sítios, portanto, há mais probabilidade de atendermos esses casos, principalmente em época de chuva”, informa a veterinária Mariane Arakaki, diretora clínica do Hospital.

De acordo com Mariane, os cães costumam ser as maiores vítimas porque tentam proteger o território, são curiosos e, no caso dos filhotes, tentam brincar com a cobra, que ataca para se defender. “Geralmente eles são picados na região da face, pescoço e patas dianteiras”.

No Brasil há 70 espécies de cobras venenosas, mas em nossa região são mais comuns a Jararaca, a Coral e a Cascavel. O sucesso do tratamento vai depender do tempo em que o cão é levado para a emergência, o tamanho, a idade e também a espécie da cobra, que pode inclusive picar mais de uma vez. “Atendemos um caso em que uma Cascavel matou uma ninhada inteira”, conta Mariane . A incidência de mortalidade com a Cascavel é maior, principalmente se o pet já apresenta algum problema renal.

Na maioria dos casos, os tutores não tem certeza se o acidente foi com serpente, porque o cão já aparece inchado ou adoecido. “O ideal é levar com urgência ao veterinário para a confirmação do diagnóstico”, diz Mariane.

O veneno da Jararaca, por exemplo, causa inchaço e, dependendo da demora no socorro, pode necrosar o local, causar alteração renal e levar a óbito. Já o da cascavel, embora mais tóxico, não causa inchaço. “Nossa primeira ação é tratar o débito urinário, porque há uma falência renal e o cão para de urinar, e fazer o soro imediatamente. Em seguida o cão vai para a internação, onde é monitorado”, explica a diretora clínica.

O tratamento não se restringe à aplicação do soro antiofídico, mas aos efeitos do veneno no organismo, portanto, o veterinário decide qual o terapêutica adequada. No entanto, em todos os casos é necessária a aplicação do soro, sempre disponível no Hospital Clinicão e Gato, como informa o gerente Fernando Farias.

Jararaca e Cascavel no Traviú

A aposentada Angélica Heimann teve dois cães atacados por cobras. O Vermelhinho, um Fox Paulistinha, foi picado por uma Jararaca em julho de 2015. “Eu vi a serpente atacando e o levei correndo para o Clinicão. Foi atendido com urgência e foi salvo”, conta.

Um ano depois Vermelhinho e o vira-lata Toquinho foram atacados por uma Cascavel.  “Foram realmente mordidos pela cobra. São heróis porque estavam tentando proteger a mim e a minha casa. Novamente levei ao Clinicão e a equipe conseguiu salvá-los”, relata Angélica .

O gestor do Hospital, Fernando Farias, destaca a importância de os tutores e as clínicas também acionarem o Departamento de Zoonozes da cidade para que haja uma verificação do local. “O acidente pode acontecer com bichos e também com humanos”, alerta.

Segundo o Instituto Butantan, acidentes com jararaca são responsáveis por 90,5% dos casos de picadas de cobras no Brasil, seguidos de cascavel (7,7%), surucucu (1,4%) e coral (0,4%).

Sintomas

Os sintomas vão depender do tipo de veneno e gênero da serpente.

Jararaca: os sinais mais comuns são aumento de volume na região. Pode progredir para hemorragia, falência renal aguda, edema pulmonar e óbito, dependendo do caso. As jararacas são agressivas e por isso é importante todo cuidado no caso de apreensão do animal.

Cascavel: menos agressiva, mas seu veneno é mais tóxico, atingindo as atividades renais, neurais, musculares (incluindo músculos cardíacos) e alterações na coagulação. Os sintomas são apatia, depressão, vômito, paralisia facial, urina avermelhada, dificuldade em deglutir e respirar, podendo progredir para o coma e óbito.

Coral: pouco agressivas. A ação do veneno é neurotóxica, podendo progredir para paralisia, falência respiratória e morte.

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Cães costumam ser as maiores vítimas porque tentam proteger o território
(foto: divulgação)