Mais uma vez é preciso nos preocuparmos com a reação dos animais durante a passagem do ano por conta dos fogos de artifício. Infelizmente Jundiaí ainda não adotou a prática de proibição como aconteceu esta semana em Itatiba, que aprovou a lei proibindo a soltura de fogos com explosões e barulho na cidade.
A médica veterinária Mariane Arakaki, diretora clínica do Hospital Clinicão & Gato, em Jundiaí, diz que de todas as festas, as mais impactantes para os pets são o Natal e o Reveillon, haja vista a quantidade de fogos e bombas utilizados ao mesmo tempo. “Do total de atendimentos destas datas, cerca de 70% é decorrente de alguma situação envolvendo os fogos”, conta.
Os danos à audição acontecem porque o estrondo dos fogos, principalmente dos rojões, é inesperado. “O forte ruído, que pode chegar a uma intensidade de 140 decibéis, percorre todo o ouvido de forma rápida, atingindo as células da cóclea. Para se ter uma ideia do impacto do barulho, um avião durante a decolagem produz um som de 130 decibéis”, explica Mariane.
Os cães são os que mais sofrem por conta da sensibilidade do sistema auditivo. Mariane conta que o Hospital já recebeu casos de cães que, em decorrência do desespero, quebram portas de vidro, se ferem por raspar portas, por tentar abrir portões, pular muros, fugir e serem atropelados.
Ela ressalta que os tutores devem dar atenção especial a pacientes cardiopatas e epiléticos que necessitam de cuidados especiais. “Os cães e gatos que apresentam esse problema, podem convulsionar em qualquer situação de estresse. O barulho das bombas pode sim ser um dos fatores a desencadear uma crise convulsiva”.
A veterinária conta que os gatos ficam mais acuados e tentam se proteger procurando algum esconderijo. Mas o desespero e o sofrimento são os mesmos.
Em Itatiba, o descumprimento da lei implicará na aplicação de multa ao responsável de R$ 1.500, valor que dobrará em caso de reincidência.
Para amenizar o pânico com as bombas de fim de ano, a veterinária dá algumas dicas:
· Conheça seu animal e perceba como ele reage a barulhos. Procure fazer com que ele se acostume com esses sons, brincando e distraindo sua atenção para evitar o stress.
· Programe com antecedência o local que o animal ficara neste período do ano
· Acomode o pet em um local da casa onde possa mantê-lo em segurança e com o menor ruído possível.
· Não deixe o cão preso em correntes. Na hora do pânico ele pode se machucar.
· Mantenha portas e janelas trancadas, evitando que o animal fuja e até mesmo se perca. Se morar em apartamento, verifique se as telas de proteção estão firmes.
· Tape os ouvidos do animal com um chumaço de algodão, esta medida pode reduzir a intensidade do som.
· Em alguns casos, é necessário o uso de calmantes e sedativos. Peça sempre a orientação de um médico veterinário.
Mais informações podem ser obtidas com a equipe de veterinários do Hospital Clinicão e Gato, que fica aberto 24 horas, inclusive nos feriados. Telefone (11) 4582-2239.
foto: Mariane Arakaki com paciente do Clinicão e Gato: 70% dos atendimentos nas noites de Natal e Reveillon são em decorrência de acidentes envolvendo fogos