França vai construir vila para pessoas com Alzheimer

França vai construir vila para pessoas com Alzheimer
07/08/2018 Sumara Mesquita

A ideia por trás da vila é criar um senso de normalidade e 
bem-estar aos portadores da doença

França anunciou neste mês a construção de uma vila para receber pessoas que vivem com Alzheimer. Doença incurável, o Alzheimer leva à perda de memória e perda de habilidades cognitivas. Segundo o Fórum Econômico Mundial (FEM), o projeto prevê a construção de um espaço em Dax, cidade no sudoeste da França, que contará com supermercado, centro de saúde, cabelereiro e biblioteca. Lá, poderão viver 120 pessoas — além dos médicos, cuidadores, enfermeiros, psicólogos e terapeutas.

A ideia, segundo o site do projeto, é manter as pessoas que sofrem da doença de Alzheimer o maior tempo possível na vida social comum — sem avental branco visível, sem uso de medicamentos pesados e apoiadas por uma equipe multidisciplinar de cuidadores e voluntários. A vila será organizada em 4 bairros de 8 casas, cada uma acomodando de 7 a 8 moradores.

Os moradores poderiam caminhar pela vila com liberdade e segurança — o espaço será construído de modo a auxiliar o senso de direção dos residentes, com indicações visuais para auxiliar a memória. O escritório dinamarquês Nord Architects, que desenhou o projeto, se inspirou em fortificações medievais localizada em Landes, na França, segundo FEM.

O projeto da França não é o primeiro a focar na construção de locais para pessoas com demência. Hogeweyk, centro de cuidados em Amsterdã Holanda, é considerado a primeira vila com esta finalidade. Lá, os moradores vivem em casas compartilhadas de acordo com suas origens e interesses e podem ajudar a cozinhar, limpar e comprar suas próprias compras.

Os defensores dessa nova maneira de cuidar dos portadores de demência dizem que os pacientes são mais ativos e sociáveis ​​e necessitam de menos medicamentos do que aqueles que moram em instalações gerais de atendimento a idosos. Na nova vila da França, uma equipe de pesquisadores vai viver próximo aos residentes, conduzindo um estudo que vai comparar qual impacto o espaço terá na qualidade de vida dos pacientes .

A expectativa é abrir a vila em 2019. Segundo o FEM, a construção custará US$ 33,4 milhões e será financiada, em grande parte, pelo governo francês.

A demência é considerada um dos maiores desafios da saúde global no século 21. Segundo a Organização Mundial da Saúde, em relatório divulgado em dezembro de 2017, cerca de 50 milhões de pessoas no mundo sofrem de demência. Por ano, são dez milhões de casos novos. O Alzheimer é o tipo de demência mais comum, representando até 70% dos casos totais. Para a OMS, os custos totais para lidar com a doença superam US$ 818 bilhões por ano.

fonte: revista época