Fogos de fim de ano: festa para nós e momento de pânico e sofrimento para os animais

Fogos de fim de ano: festa para nós e momento de pânico e sofrimento para os animais
28/12/2015 Sumara Mesquita

Para nós, humanos, a cena e o som ao redor são emocionantes. Fogos de artifícios, o céu colorido e iluminado, muito agito, muitas bombas, afinal, é dia de celebrar, seja na vitória do nosso time, nas festas juninas, na noite de Natal ou na chegada do Ano Novo. Festa para nós e momento de sofrimento e pânico para os animais. Na verdade, uma grande tortura para os bichos que tem o sistema auditivo bem mais sensível que o nosso.
A médica veterinária Maria Virgínia Saito, do Hospital Clinicão & Gato, em Jundiaí, diz que de todas as festas, a mais impactante para os pets é o Reveillon, haja vista todos os fogos e bombas serem utilizados ao mesmo tempo e por um longo período. “Do total de atendimentos na noite de Reveillon, cerca de 70% é decorrente de alguma situação envolvendo os fogos”.
Segundo Virgínia, os que mais sofrem com os fogos são os cães. Na tentativa de se proteger e fugir, os cães podem apresentar lesões graves ao colidir com portas de vidros, pular grades com lanças, cair de terraços e de escadas e até serem atropelados, principalmente os que já têm acesso à rua e os que não tem dono e já vivem na rua. Em situações mais raras, epiléticos podem chegar a ter um quadro convulsivo.
A médica veterinária conta que também já atendeu uma cachorrinha que mordeu uma bomba arremessada por seu dono num fim de ano. “Ela teve uma fratura muito grave na mandíbula e passou por cirurgia reparativa”.
No caso dos gatos, Virgínia explica que os felinos ficam mais acuados e tentam se proteger procurando algum esconderijo. Mas o medo e o sofrimento são os mesmos. Além do pavor, os pets estão mais vulneráveis porque, na maioria dos casos, nessa época do ano os donos estão fora de casa.
“O ideal é pensar num local que seja totalmente seguro, ou seja, fechado, sem objetos cortantes e perfurantes, sem escadas e sem portas de vidro por perto”, sugere a médica veterinária.
A celebração é inevitável, mas o sofrimento não. Virgínia recomenda algumas ações que podem amenizar todo esse desespero. O principal é achar um local seguro, no qual eles também se sintam seguros. Outra dica é deixa-los num ambiente com música em volume alto para tentar neutralizar o som externo. Fazer um tampão com algodão e colocar no ouvido deles também pode ajudar.

Muitos clientes ligam durante o Reveillon pedindo socorro ao verem seus animais em pânico. “Em alguns casos, recomendamos o uso de calmantes naturais e, dependendo do paciente e da situação, indicamos a sedação”, conta ela, ressaltando que os calmantes somente devem ser utilizados sob recomendação do médico veterinário que conhece e acompanha esse paciente.
O ideal, segundo Virgínia, é fazer um processo de dessensibilização desde que o animal é filhote. “Essa é uma medida mais ligada à área comportamental, mas vale a pena, por exemplo, em dias de festa, pegar o animal no colo e mostrar que ele está protegido”, conclui.
Ceia bombástica
Os fogos e bombas não são os únicos vilões para cães e gatos. As ceias de final de ano compartilhadas com os pets também podem levá-los à emergência. Maria Virgínia alerta para o perigo de alimentação imprópria como ossos, que podem causar obstrução ou perfurações do trato digestivo dos animais, e alimentos condimentados, doces ou carnes engorduradas que podem causar vômito, diarreia e desconforto abdominal.“O correto é ter bom senso e deixá-los longe de toda essa comida”, adverte a veterinária.