Abandono de cães e gatos aumenta em cerca de 80% nas férias. Na ânsia de viajar, donos ignoram as leis e o sofrimento dos animais.
Embora configure crime, nas leis federais e municipais, o número de abandono de animais cresce de forma impressionante no período de férias. O final de ano é quando mais ocorre esse tipo de barbárie e as maiores vítimas são os cães e gatos, especialmente filhotes, idosos e doentes crônicos. Dados atuais da Anda, Agência de Notícias de Direitos Animais, revelam que mais de 30 milhões de animais vagam sozinhos pelas ruas do país. São cerca de 10 milhões de gatos e 20 milhões de cães.
A médica veterinária Mariane Arakaki, diretora clínica do Hospital Clinicão & Gato diz que a maioria das pessoas ainda não têm consciência sobre a posse responsável. “As pessoas compram ou adotam animais como se fossem objetos ou brinquedos. E na hora de viajar, descartam em qualquer lugar sem pensar no quanto esse abandono vai trazer sofrimentos para o animalzinho”.
É difícil contabilizar a população de animais desamparados, mas as ongs protetoras estimam que na maioria das cidades do Brasil, o número de abandono nessa época do ano chega a aumentar em 80%. A crueldade acontece porque a lei ainda é branda. Enquadrados na Lei de Crimes Ambientais, o abandono e maus tratos sãos punido com pena de multa ou detenção de três meses a um ano. E no Código Penal, pena de multa ou detenção de 15 dias a seis meses. Para Mariane, enquanto as penas continuarem leves, as pessoas não terão receio em maltratar e abandonar os animais, inclusive os que passaram anos junto com a família.
A veterinária destaca circunstâncias ainda mais cruéis de tutores que, no desespero em viajar ou realizar uma mudanças, vão às clínicas solicitar que o animal seja eutanasiado, principalmente no caso dos pets idosos e doentes crônicos. “Ficamos chocados com essas atitudes porque sabemos que a pessoa não está pedindo a eutanásia para aliviar um sofrimento. Ela quer mesmo é se livrar do animal. E, obviamente, jamais adotamos essa prática”. Mariane ressalta o caso de um Bulldog já idoso, encontrado na rua com gravatinha no pescoço. “É de extrema crueldade abandonar um bichinho que passou tantos anos ao lado da família. É um problema de saúde pública que precisa ser realmente levado a sério”, ressalta.
Diariamente as ongs protetoras de animais e os protetores voluntários divulgam fotos de cães e gatos abandonados em suas redes sociais. A dona de casa Silvana Fontana, que já abriga dezenas de gatos resgatados, conta que uma vizinha se mudou, avisando que deixaria uma de suas gatas na rua por falta de espaço na nova casa. “Não tive como ignorar a situação. Adotei”, conta ela, que acabou de levar outra felina para uma cirurgia ortopédica. “O dono a jogou na rua e ela foi atropelada”, conta a protetora, que hoje cuida de 21 gatos e três cães.
Para Mariane, na maioria das vezes, falta informação. “O abandono jamais é a solução. Todo mundo tem direito a ter férias. Mas é preciso se planejar quando há um bichinho na história”. Para a veterinária, levar o animal junto é o ideal, mas se não houver possibilidade, sempre há sempre uma saída. Pode ser um parente, um cuidador e os hotéis ou hospedagens especiais. “Esse é o momento de nos doarmos ainda mais. O mundo está repleto de abandono. Aproveitemos o final de ano para mudar esse histórico de crueldade”.
Como denunciar o abandono
Poder identificar o infrator facilita o trabalho da polícia e dos órgãos de proteção ao animal. Avistar, por exemplo, um carro parando numa estrada ou rua deserta para descartar um animal pode ser a prova para a denúncia do crime de abandono, principalmente se houver filmagem da ação e foto da placa.
Em todo o país a denúncia pode ser feita diretamente na Delegacia de Polícia. Em Jundiaí o telefone 156 da Prefeitura também faz o atendimento e repassa para a Secretaria de Planejamento e Meio Ambiente, que encaminha a denúncia ao Cobema ou à Zoonoses, no caso de cães e gatos. No caso de animais silvestres, o animal costuma ser encaminhado para a Mata Ciliar.
Contatos:
Prefeitura de Jundiaí – 156
Cobema: (11) 4582-2685 ou 4582-2649.
Zoonoses Jundiaí – (11) 4521-0660
Mata Ciliar – (11) 4521-0660
Denúncias anônimas também podem ser feita na Delegacia Eletrônica de Proteção Animas do Estado de São Paulo: www.ssp.sp.gov.br/depa
fonte: Tarantina Assessoria